segunda-feira, 5 de março de 2012

Quem é o meu próximo?


Quem é o meu próximo?
O Livro de Lucas narra que Jesus Cristo, certa vez, procurado por um doutor da lei, este lhe perguntou: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
Jesus, então, percebendo a capciosidade naquela indagação, limitou-se a perguntar-lhe: O que está escrito na Lei? Como interpretas?

A réplica do escriba foi imediata: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Mediante a exatidão da resposta, Jesus lhe disse: Respondeste corretamente; faze isto e viverás.


O inquiridor, entretanto, não ficou satisfeito, e aventurou nova pergunta: Quem é o meu próximo?
A fim de elucidar melhor a questão, Jesus Cristo propôs-lhe uma parábola, dizendo: Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto. Casualmente, descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo. Semelhantemente, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo. Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele. E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele. No dia seguinte, tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar. Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu-lhe o intérprete da lei: O que usou de misericórdia para com ele. Então, lhe disse: Vai e procede tu de igual modo.
O ensino propiciado por Jesus Cristo nessa edificante parábola é dos mais significativos. Nele podemos apreciar o exercício da caridade despretensiosa, incondicional, em seu sentido amplo, sem limitações do Bom Samaritano, conforme descreve-se abaixo:
O samaritano sentiu compaixão do homem caído.
Não se trata aqui, de sentir pena de alguém que está sofrendo. Quem sente pena nada faz; mas o samaritano moveu-se de íntima compaixão. Compaixão é ter o amor despertado; e quando alguém ama, não desperdiça a oportunidade de demonstrar esse amor.
O grande mérito da parábola consiste em fazer evidenciar aos nossos olhos que, o indivíduo que se intitula religioso e se julga virtuoso aos olhos de Deus, nem sempre é o verdadeiro expoente de virtudes que julga possuir. Ensina aos outros como fazer caridade, mas ele nem de longe quer praticá-la.
O samaritano desceu de sua cavalgadura
O orgulhoso não desce, sente nojo, se preocupa com o que as pessoas irão pensar sobre aquela atitude. Não basta apenas dar uma ordem para que alguém faça, o importante é fazer. Cristo, também, desceu... Atravessou todas as camadas inferiores deixando para trás toda a glória que O cercava... "Verbo se fez carne e habitou entre nós..."
O sacerdote que passou primeiramente, certamente atribuía a si qualidades excepcionais e se julgava zeloso cumpridor da lei e dos preceitos religiosos. Ao deparar com o moribundo, com certeza balbuciou uma prece em seu favor, mas daí até a ajuda direta a distância é enorme. O mesmo deve ter sucedido com o levita.
O samaritano aproximou-se dele com atitude
É comum, em situações assim, alguém aproximar-se apenas para conferir se está vivo; para poder fazer alguma crítica; para obter informações mais precisas a fim de depois ter o que comentar... O samaritano, considerado desprezível pelos judeus ortodoxos, mas cumpridor dos seus deveres humanos, não se limitou a condoer-se do moribundo. Chegou-se a ele e o socorreu da melhor forma possível, levando-o em seguida a um lugar de repouso onde o assistiu melhor, recomendando-o ao hospedeiro e prontificando-se a ressarcir todos os gastos quando da sua volta. O samaritano aproximou-se decidido a fazer alguma coisa por aquele homem; À semelhança dele, Cristo desceu à terra com uma atitude definida. Ele sabia para o que tinha vindo; veio disposto a pagar o preço e a proceder ao resgate do homem caído.
O samaritano untou-lhe as feridas
A caridade foi ali dispensada a um desconhecido, e o Samaritano que praticou não objetivou recompensa, o que não é muito comum na Terra, onde todos aqueles que praticam atos caridosos, logo pensam nas recompensas futuras, na retribuição na vida espiritual.
Aquele Samaritano era um homem prevenido, ele tinha óleo em sua bagagem e, com esse óleo untou as feridas a fim de proporcionar alívio imediato. Quem ama tem sempre em sua bagagem um bálsamo para aplicar às feridas daqueles que sofrem as dores causadas pelo pecado e pelos traumas da vida, seja através de uma palavra, de um gesto, de um abraço... Cristo tem o sublime bálsamo, o Espírito Santo, que mediante a aplicação por sua Palavra, alivia o sofrimento do coração desesperado e ferido por Satanás.
O samaritano colocou-o sobre sua cavalgadura
Os samaritanos eram dissidentes do sistema religioso implantado na Judéia - eram os protestantes da época. Com o fito de demonstrar a precariedade dos ensinamentos da religião oficial, Jesus Cristo figurava os samaritanos como sendo aqueles que melhor haviam assimilado os seus ensinos, concretizando em atos tudo aquilo que aprendiam através das palavras.
E que atitude digna de louvor! Aquele homem era um desconhecido, estava machucado, mal conseguia ficar sentado... Mas o Bom Samaritano o colocou sobre sua cavalgadura e seguiu a pé, provavelmente ao seu lado, para impedir que ele caísse pela estrada a fora. Nós não merecíamos tanto amor... Mas, foi exatamente isto que o Senhor Jesus fez por nós! ”e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus." - Ef 2:6 .
O samaritano levou aquele homem a uma estalagem
Ele não o abandonou na entrada da cidade como se já tivesse feito um grande favor. Ele o levou a um lugar onde pudesse se recuperar, com tratamento médico-hospitalar, com conforto e proteção contra o frio. A Igreja é a estalagem para onde Cristo nos leva. Todo os que aceitam a Cristo como Salvador sentem necessidade de congregar. É o mover e a condução do Espírito Santo do pecador à estalagem.
O samaritano pagou a internação e garantiu pagar a diferença (se houvesse), quando voltasse.
Dois dias ficaram garantidos e a promessa de que qualquer gasto extra seria reembolsado quando ele retornasse. Se um dia para Deus é como mil anos e mil anos como um dia, dois dias porventura não representam os dois mil anos que já se passaram desde que Cristo passou por aqui? A promessa de sua vinda é confirmada nesta parábola. 
Além de nos ensinar o feito generoso do samaritano da parábola, o Mestre também os tomou como paradigmas em outras circunstâncias; para ilustração reportemo-nos ao majestoso ensino sobre a Mulher Samaritana, em João, 4:5-30, e o da cura de dez leprosos, dentre os quais apenas um que era samaritano lembrou-se de voltar para render graças a Deus pela cura obtida (Lucas, 17:11-19).

Fique na Paz!

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