Entre os fatos narrados na Bíblia que nos impressionam
bastante, estão aqueles que falam de pessoas que puseram à disposição de Deus o
que tinha de mais precioso. Algumas entregaram tudo o que tinham. Abraão, por
exemplo, dispôs-se a sacrificar seu único e tão esperado filho Isaque. A viúva
pobre entregou suas últimas moedas, depositando-as no cofre do templo. Um
menino entregou cinco pães e dois peixes. No entanto, muito mais do que
qualquer deles fez o próprio Deus, que entregou o seu único Filho para ser o
Salvador do mundo. Nesse ato de entrega total, incondicional, tem início a
história de Missões. "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu
o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna." (João 3:16). Aí está bem definida a missão de Cristo: morrer
para dar vida. Aí está bem caracterizado o espírito missionário de Deus - AMOU
e DEU.
O plano missionário de Deus começa no Gênesis. Tem sua
origem e explicação na triste história do Jardim do Éden. Deus criou tudo tão
lindo, tão puro e tão perfeito! Inclusive o homem, coroa da sua criação. Mas o
Diabo, encarnado em uma serpente maldosa e astuta, iludiu o ser humano,
levando-o a desobedecer o Criador e a distanciar-se dele. Deus entristeceu-se e
decepcionou-se com a sua criatura. E puniu o homem com merecidos castigos - as
dores de parto para a mulher, dificuldades de subsistência e trabalhos pesados
para o homem, e a expulsão definitiva de ambos do Paraíso, o que significou
separação de Deus.
No entanto, apesar dos castigos, Deus sentiu imensurável
amor e compaixão pela criatura caída e, junto com o castigo, prometeu-lhe o
perdão. Esse perdão seria manifestado na pessoa de alguém que viria para
esmagar a cabeça da serpente.
Desde esses fatos, o povo de Israel passou a viver na
expectativa do cumprimento da promessa. As gerações se iam sucedendo, os anos
correndo e o povo esperando. Deus incluiu os profetas em seu plano missionário.
Eles anunciavam: "... eis que a
virgem conceberá e dará à luz um filho " (Isaías 7:14); " E tu, Belém... de ti me sairá o que há de
reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da
eternidade." (Miquéias 5:2).
O plano missionário de Deus incluiu também figuras
metafóricas, isto é, fatos e pessoas que ilustravam a vinda e o sacrifício
remidor de Jesus. Assim, a serpente de metal no deserto era a figura da cruz no
Calvário, de onde vem vida por um olhar. A morte dos primogênitos no Egito, a
libertação pelo sangue nas portas, representam o livramento que temos pelo
sangue do Cordeiro Jesus.
O plano missionário de Deus incluía o derramamento de
sangue - sangue inocente, de um cordeiro imaculado. Um único foi achado digno
de ser esse cordeiro - seu Filho Unigênito. E foi assim que o plano missionário
de Deus se cumpriu - com a vinda de Jesus Cristo a este mundo.
Deus, em seu plano missionário, estabeleceu como objetivo
específico a recuperação do homem que se havia perdido. O próprio Jesus
declarou isso: " Porque o Filho do
homem veio buscar e salvar o perdido." (Lucas 19:10).
No entanto, o cumprimento do plano divino resultou em
muitas outras bênçãos para o mundo e para a humanidade: A vinda e a vida de
Jesus Cristo marcaram época na história. Com Cristo, deu-se a divisão das eras
- Antes de Cristo e Depois de Cristo. Com Jesus Cristo, iniciou-se o maior e
mais convincente dos movimentos religiosos de todos os tempos - o Cristianismo.
O plano missionário de Deus envolveu não apenas a
salvação do homem, mas o seu crescimento através das lições faladas e vividas
que o missionário Jesus entregou. A primeira lição foi de humildade e amor.
Desde o seu nascimento, Jesus evidenciou as características de verdadeiro
missionário.
Seu curto ministério terreno atendeu plenamente ao plano
missionário que Deus traçara para Ele - seus atos repassados de bondade; seu
coração cheio de compaixão por quantos precisavam de sua ajuda; sua humildade e
serviço demonstrados em gestos mais do que por palavras. "... o Filho do homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.". (Marcos
10:45).
O que mais nos deve impressionar é que Jesus nunca perdeu
de vista o plano missionário de seu Pai, do qual Ele era o principal agente.
Mesmo em hora de extrema agonia, quando já pressentia as dores da cruz, orando,
Jesus dizia: "... contudo, não se
faça a minha vontade, e sim a tua." (Lucas 22:42).
O plano missionário de Deus não se encerrou com Jesus.
Ele prossegue ainda hoje através dos seus seguidores. Jesus, o primeiro
missionário deixou exemplos e ordens para que o plano prosseguisse.
Assim é que ele continuou com os apóstolos, com Paulo,
Silas, Timóteo... nos primórdios do cristianismo.
Em nossos dias, ainda o plano vai prosseguindo, executado
por vidas dedicadas de quantos estão obedecendo a ordem divina de ir e pregar
anunciando a missão de Cristo.
O plano missionário de Deus trouxe, para a vida da
humanidade um resultado muito especial - a valorização da mulher na sociedade.
Quando se fala tanto em libertação da mulher, em
movimentos feministas pela igualdade da mulher, concluímos que eles estão
atrasados. A verdadeira libertação e elevação da mulher já aconteceu há quase
dois mil anos, quando " vindo,
porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher..."
(Gálatas 4:4).
A igualdade de mulher se dá no momento que ela também se
torna filha de Deus pela fé em
Jesus Cristo , porque "Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem
homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. "
(Gálatas 3:28).
Conhecemos muito bem o poder transcendental, a soberania,
a capacidade de Deus para trazer seu Filho ao mundo de muitas outras maneiras.
O seu plano missionário poderia se concretizar através de uma outra estratégia,
atingindo o mesmo objetivo pleno de salvação do homem. Foi a mulher quem
primeiro desobedeceu o Criador. E isto a desvalorizou não só aos olhos de Deus,
como diante dos homens. Por isso, aprouve ao Senhor levantar a moral da mulher,
fazer crescer o seu valor.
No momento em que Maria foi escolhida por Deus para ser a mãe
do Salvador, a mulher voltou ao seu papel inicial - ser bênção. Isto aconteceu
porque Maria se dispôs a cooperar com o plano missionário de Deus, dizendo:
"Aqui está a serva do Senhor; que
se cumpra em mim conforme a tua palavra." (Lucas 1:38).
Ainda hoje Deus continua precisando e usando mulheres que
dêem continuidade ao seu plano. Muitas mulheres estão engrandecendo ao Senhor e
exultando em Deus como Salvador. Muitas estão servindo a Jesus com seus bens,
saindo e anunciando o evangelho do reino de Deus.
Se Deus deu a mulher o privilégio de dar à luz o Salvador
do mundo, deu-lhe também e à sua família, a responsabilidade de criá-lo e
educá-lo. Entregando Jesus aos cuidados de Maria e José, Deus estava,
conscientemente, dizendo a todos do valor e importância da família.
O lar é necessidade primordial de todo o ser animal, não
só do homem. Os pássaros constróem seus ninhos; as raposas têm seus covis, no
dizer de Jesus; as feras arranjam suas cavernas. O homem precisa viver em
família.
Por isso, Deus, que instituíra a família, confirma a sua
importância ao providenciar que o seu Filho vivesse em família aqui no mundo.
E, conquanto a Bíblia não narre com muitos detalhes a época em que Jesus viveu quando
criança, dá bem a perceber que a família de Jesus deu conta de todas as suas
funções de procriação, sustento, afeto, educação e transmissão da fé.
A Bíblia fala da família de Jesus como uma família
completa, onde havia pai (terrestre), mãe e irmãos. (compare I Coríntios 9:5;
veja Mateus 13-55 e Gálatas 1:19.)
Quando a Bíblia fala de José como carpinteiro, passa-nos
a ideia de que com tal profissão ele sustentava a sua família. Na preocupação e
ansiosa busca dos pais quando Jesus se deixou ficar no templo com os doutores,
pode-se perceber o amor e afeto que uniam os membros da família. A fé e o
conhecimento de Deus foram passados dos pais para os filhos no lar de Nazaré,
quando juntos iam ao templo, participando das festas e solenidades de sua
religião.
Além disso, a Bíblia deixa claro o relacionamento entre
pais e filhos no lar de Jesus: "E
desceu com eles para Nazaré; e era-lhes submisso. Sua mãe, porém, guardava
todas estas coisas no coração. E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça,
diante de Deus e dos homens" (Lucas
2:51-52).
O plano missionário de Deus incluiu a valorização e
salvação da família. "Crê no Senhor
Jesus e serás salvo, tu e tua casa." (Atos 16:31), responderam Paulo e
Silas ao carcereiro de Fiíipos. E quando da conversão de Zaqueu, Jesus disse:
"...Hoje, houve salvação nesta casa
“(Lucas 19:9).
A vinda de Jesus ao mundo não foi um acontecimento
casual. Antes foi o cumprimento de um plano missionário que nasceu, cresceu e
concretizou-se no coração de Deus.
Nasceu no coração de Deus, no momento em que Ele , como Pai amoroso, compadeceu-se de seus
filhos castigados e destituídos da sua glória.
Cresceu no coração de Deus, durante todo o processo de preparação da humanidade
para receber o Salvador prometido no Éden. Quanto mais o povo se distanciava, e
pecava, e entristecia o seu coração, tanto mais o amor de Deus crescia e o
perdão se manifestava na renovação repetida do pacto.
Concretizou-se no coração de Deus, no momento em que Jesus veio ao mundo para cumprir a sua missão
salvadora.
O plano missionário de Deus inclui todo aquele que nele
crer. Inclui a mim e a você. Inclui a minha e a sua família. Inclui a todos
nós, cristãos, objeto especial do seu amor. Cristo cumpriu plenamente a sua
missão nesse plano.
E nós?
Estamos cumprindo a nossa?
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